terça-feira, 18 de outubro de 2011

Não é opção.


É que nem cabelo. Eu nasci com o cabelo cacheado. Porém, a grande maioria das modelos, cantoras e atrizes famosas tem o cabelo liso. A moda dita que o liso é mais bonito. Então eu, cega por causa do que a sociedade diz, aliso meu cabelo todo santo dia, porque o meu cabelo natural não é aceitável. Porque devemos seguir o padrão imposto. TUDO que é diferente é feio, nojento. 

Mas por mais que faça quinhentas escovas definitivas e progressivas, por mais que eu seja uma escrava do secador & chapinha, meu cabelo jamais será liso. Ele pode até aparentar ser, mas EU sei que ele não é. Nem um tratamento químico pode alterar totalmente uma característica genética minha, por mais que eu queira.
Eu nasci assim. Não é opção minha ter o cabelo cacheado. Mas mesmo não sendo o padrão ideal pregado pela sociedade, este é o meu cabelo. 

Eu nasci gay também, não é opção minha.  Mas mesmo não sendo o modelo ideal pregado pela sociedade, essa é a minha orientação. Não vou travar uma guerra contra a minha própria essência apenas porque dizem que é errado ser assim. Não vou tentar fingir ser algo que não sou só para agradar. Isso faz parte de mim.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vídeo - recomendo!

Um dos vídeos que assisti recentemente e que mais me marcou, o curta "Não gosto dos meninos" foi inspirado no projeto "It Gets Better", criado em 2010 pelo escritor americano Dan Savage - quem quiser é só conferir no youtube. Mas, voltando ao curta: é uma coletânea de depoimentos de gays e lésbicas, que contam sobre como foi a descoberta de cada um como homossexual, dos desafios e preconceitos que eles enfrentaram e de como deram a volta por cima de todos esses obstáculos. Os diretores do vídeo são André Matarazzo e Gustavo Ferri, de São Paulo.
É impossível não reconhecermos nossas próprias histórias nos emocionantes relatos do vídeo! Vale muito a pena assistir... Segue abaixo o link!





Trem

Estávamos nós duas ali, sentadas num dos bancos do trem. Como em quase todas as manhãs, as pessoas todas estavam indo para o trabalho e os vagões estavam lotados. Eu, porém, ignorava a presença de qualquer uma daquelas pessoas que se empilhavam ao nosso redor... Tinha olhos, ouvidos e pensamentos somente para ela. Qualquer um que nos observasse mais atentamente notava o clima triste que nos rondava. De mãos dadas, ela com a cabeça apoiada no meu ombro, os olhares perdidos procurando um consolo, uma distração, sem conseguir encontrar.


Depois de três anos e meio dividindo a mesma cama, fazendo a maioria das refeições juntas, compartilhando muito além de tempo e espaço, ela iria viajar. Ia para outro continente, a trabalho, sem data prevista para voltar; somente sabíamos que por mais de um ano com certeza ela ficaria por lá. E só de pensar no vazio que ficaria na minha vida com a saída (ainda que provisória) dela me lançava em profunda tristeza... Ela chegou a cogitar não aceitar a proposta de emprego, ao que fui contra, pois por justamente a amar mais do que tudo, não poderia aceitar que ela desperdiçasse essa oportunidade ímpar por minha causa. E eu ir junto com ela era impossível, pelo menos naquele momento, pois também estava dando importantes passos na minha carreira, depois de anos sem avanços significativos.

Perdida em meio as minhas idéias, sou tirada de meu transe ao sentir uma pequena gota escorrendo pela pele de meu braço. Olhei nos olhos dela, que estavam vermelhos e lutavam para segurar as lágrimas, em vão. Não resistindo à dor da situação, envolvi a dona do meu coração em meus braços, chorando também a dor da saudade antes mesmo de senti-la de fato.  

O operador do trem anuncia então a próxima estação, que já era a que desceríamos. Depois de várias estações, finalmente percebi as pessoas a nossa volta. Olhando com a costumeira curiosidade para nós, o casal apaixonado, alguns se emocionavam junto, outros ignoravam a situação, enquanto alguns reprovavam nossa manifestação singela de amor em local público. As portas do trem se abriram e anunciaram a estação dela, mas ignorando o curto tempo que ela se mantém aberta para os passageiros descerem e ignorando também as pessoas ao redor, puxei-a para perto de mim e trocamos um longo beijo de amor. Longo como seriam os próximos meses, longe daquele toque tão familiar, daqueles beijos que me alimentavam, daquela que detinha a essência do meu viver.

Ontem

Ontem eu fui dormir mais feliz do que o costume. O sorriso não quis esvaiecer, os olhos não queriam parar de brilhar, a vontade de gritar para o mundo a minha alegria não cessou em meu peito. Nada podia tirar felicidade tão grande de mim...

Ontem eu fui dormir chorando lágrimas de vitória. Vitória sobre o preconceito, sobre os limites que a sociedade nos impõe... Um grandioso triunfo sobre os meus maiores medos, com os quais vivo em guerra desde que os descobri. 

Ontem eu fui dormir pensando que já estava sonhando, de tão embriagada que fiquei com a realidade. Admirando a coragem dele, que veio me trazer tão boa notícia!

Ontem eu fui dormir, e meu irmão mais novo entrou em meu quarto. Sentou-se do lado da minha cama, olhou em meus olhos e me disse "Como tu foi sincera comigo, preciso ser contigo: eu sou bissexual". Abracei-o, disse-lhe o quanto estava feliz com isso, e o quanto ele ser significava para mim, que sou homossexual dentro de uma família homofóbica.

Ontem eu fui dormir reconfortada com a nova situação; sinto-me agora menos sozinha em meio a pessoas tão diferentes, pois achei alguém igual a mim, um irmão em todos os sentidos. De sangue, de lar, de sentimentos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Introdução

Então... Antes de começar a escrever efetivamente, queria falar um poucos das minhas idéias para este blog. Este não é o primeiro que faço, talvez não seja o último também, mas eu tive alguns problemas com meus outros blogs porque pessoas que eu não queriam que lessem eles estavam lendo. Tudo que escrevo é super pessoal, então resolvi criar este outro, preservando minha verdadeira identidade. Assino aqui como "Lee", apenas.
Quero colocar aqui pensamentos meus sobre o mundo, sobre as coisas que vejo acontecerem, sobre o que sinto... Refletir a partir de letras de música, enfim. Eu procuro analisar tudo com a mente aberta, e isso pode ferir algumas pessoas às vezes. Que me acusem de imoral, de corrompida... Eu não tenho vergonha de ter a mente aberta, pelo contrário! Não sei de quem é esta frase, mas já foi dito que "a mente humana é como um pára-quedas: só funciona bem quando está aberta". Alguns não se dão conta disso, saem criando regras e padrões para tudo, e aqueles que estão foram deste padrão estabelecidos, ah, coitados destes! 
Fico realmente indignada com coisas assim!
E é nessas horas que sento para escrever; nas horas de raiva, de confusão, de depressão. Por isso, a carga negativa na maioria das coisas que escrevo é grande, eu sei; mas é meu modo de extravasar, e quero compartilhar aqui com vocês esse meu material!
Beijos a tod@s ;D